#1 Gardénia Benrós - Biografia Seg Ago 22, 2011 9:12 pm
Semog
A Voz da Alma Caboverdeana da "Badia Branca"
Cantoras há muitas. Compositoras, nem tanto. Gardénia, a voz de ouro da música cabo-verdiana, aposta em reunir as duas coisas ao trabalho de editar as suas obras, e investe em si própria para determinar o rumo da sua carreira. Uma voz a transitar entre diferentes espaços e tempos, a fazer de ponte entre as ilhas, e entre as ilhas e o mundo.
Catorze anos depois do primeiro disco, com nove lançados até agora, nem por isso Gardénia Benrós está a descansar. Pelo contrário, a artista cada vez mais investe na sua carreira, e há pouco mais de dois anos criou a sua própria editora para trabalhar pela sua voz. Mas vale a pena lembrar como tudo começou.
Nascida na cidade da Praia, ilha de Santiago (mãe da ilha de São Vicente e pai da ilha de Santo Antão, avós da ilha da Brava) é, contudo, na tradição da morna da ilha Brava que Gardénia vai buscar inspiração e temas para a sua primeira gravação, de 1986, em que interpreta composições do célebre poeta e trovador Eugénio Tavares.
Opção nada casual, já que nasceu a beber nessa fonte: a avó, natural da vila de Nova Sintra, destacou-se no seu tempo a actuar em saraus e sessões culturais na ilha como intérprete de mornas, e apresentava ao público as novas criações do compositor ensinadas em primeira mão pelo próprio. A mãe, por sua vez, desde cedo revelou voz e talento que despertaram a atenção de um dos frades capuchinhos em missão na ilha, que lhe ensinou noções de canto lírico. Mais tarde, chegou a cantar em emissões radiofónicas, e muito naturalmente as mornas de mestre Eugénio fizeram parte do seu reportório.
Com esses antecedentes, nada mais natural que a jovem cantora se inclinasse para a tradição da morna bravense no seu disco de estréia, gravado em Lisboa com músicos como Paulino Vieira, Toi Vieira, Péricles Duarte e Tito Paris, entre outros. Editado pela Polygram, este trabalho faz de Gardénia uma pioneira no que se refere a trabalhar com grandes editoras, pois a maioria dos registos discográficos de música cabo-verdiana - até hoje, mas ainda mais nos anos 70 e 80 - são edições de autor ou de editoras sem dimensão internacional.
Dado o pontapé de saída, a música de Gardénia irá desdobrar-se em novas perspectivas. Na sucessão de trabalhos que gravou até hoje, a tradição cabo-verdiana aparece como herança determinante na sua formação como artista. Porém, irá mesclar-se com elementos da sua experiência pessoal e musical - a infância em Lisboa, a adolescência em Boston, onde estreia-se como vocalista do grupo Tropical Power, formado por cabo-verdianos residentes nos EUA - que, naturalmente, teriam de deixar as suas marcas.
Estudar para ser uma artista completa
Primeiro foi cantar. Depois, compor. Só no seu mais recente trabalho, Bo Kin Cre, de 1998, Gardénia passou para o clube dos compositores e essa aposta surge depois de ter frequentado durante cinco anos o Berkley College of Music of Boston. "A escola musical tornou-me completa como artista" afirma. "Agora sim, vou continuar a desenvolver o meu estilo muito próprio, usando as influências musicais dos países por onde vivi e vivo, mas respeitando sempre a base da tradição musical cabo-verdiana".
"Concluir um curso universitário na área musical continua a ser raro entre as mulheres. Foi algo que me educou de forma a poder lidar com qualquer músico do mundo. Não me importei em interroper a minha carreira para me instruir", diz a artista. Optando pelas áreas de voz e espectáculo, Gardénia não deixou de lado os aspectos ligados ao business. Decidida a pôr em prática os conhecimentos adquiridos, cria, em 1998, a sua própria empresa, a Independent Talent Productions. "Hoje consigo fazer a minha própria produção e distribuição", revela.
Gardénia tem inspirado poetas e compositores, como Manuel de Novas, João Amaro, Teófilo Chantre, entre outros. O poeta Jomar no poema "Louvor a Gardénia" escreve: "A cantar mornas és génia, mensageira de todos nós, tu és bela com toda a vénia e enfeitiças com a tua voz". Ao longo sua carreira, além de frequentes convites nos Estados Unidos, onde reside, tem percorrido inúmeros países, encantando plateias com os seus espectáculos. Canadá, Barbados, Hawai, França, Holanda, Espanha - além, naturalmente, de Portugal e Cabo Verde - são algumas das terras por onde já passou.
Em 1999, uma série de apresentações em Portugal serviu para divulgar o álbum mais recente. Cada apresentação foi um momento único de encontro com os sons de Cabo Verde na voz ímpar de Gardénia, acompanhada por excelentes músicos, entre os quais Toy Vieira, John Mota, Moisés, Kikas e Zé Mário. Tito Paris foi uma presença constante e atenta, sendo ele fã incondicional e amigo da artista, tendo já demonstrado vontade em vir a colaborar com Gardénia, uma vez mais, num futuro próximo.
Em diferentes ocasiões, tem sido acompanhada por nomes representativos de diferentes áreas da música cabo-verdiana, que vão de Luís Morais e Chico Serra a Djoy Delgado, passando por Danny Carvalho e Manuel d'Candinho, os três últimos presentes em Bo Kin Cre, em que batuque, funaná, morna e coladeira não impedem um toque de samba e salsa.
O disco traz uma faixa interactiva que pode ser vista no computador - aspecto que uma vez mais faz de Gardénia uma pioneira na música cabo-verdiana - e que apresenta fotografias, dados biográficos e discografia, karaoke e ainda um vídeo, produzido pela própria Gardénia, com a interpretação de Melodias de Saudade, composição sua cuja letra evoca justamente as mornas com que foi embalada em criança, e que a acompanham desde então. Mornas que, na sua voz límpida, têm assegurada a sua eternidade, geração após geração, como vem sendo até agora.
DISCOGRAFIA
Gardenia Benrós, Polygram Records, EUA, 1986 (LP)
When Love is Gone/I Need You, Polygram Records, EUA,1987 (single)
Raizinho di Sol, Ed. Autor, EUA, 1988 (single)
O Melhor de Cabo Verde Mix, MB Records, EUA, 1989 (LP)
É Sim, MB Records, EUA, 1990 (LP)
O Melhor de Cabo Verde Mix II, MB Records, EUA, 1994 (CD)
Kryola D' Encantar, PolyGram Records, EUA,1995 (CD)
Simplesmente Caboverdiana, Indep.Talent Productions, EUA, 1997(single)
Bo Kin Cre, Independent Talent Productions, EUA, 1999 (CD)
Best Of,... i também ela tem 3 faixas gravadas kom o grupo Tropical Power no LP "Tropical Power Em Acção"
Catorze anos depois do primeiro disco, com nove lançados até agora, nem por isso Gardénia Benrós está a descansar. Pelo contrário, a artista cada vez mais investe na sua carreira, e há pouco mais de dois anos criou a sua própria editora para trabalhar pela sua voz. Mas vale a pena lembrar como tudo começou.
Nascida na cidade da Praia, ilha de Santiago (mãe da ilha de São Vicente e pai da ilha de Santo Antão, avós da ilha da Brava) é, contudo, na tradição da morna da ilha Brava que Gardénia vai buscar inspiração e temas para a sua primeira gravação, de 1986, em que interpreta composições do célebre poeta e trovador Eugénio Tavares.
Opção nada casual, já que nasceu a beber nessa fonte: a avó, natural da vila de Nova Sintra, destacou-se no seu tempo a actuar em saraus e sessões culturais na ilha como intérprete de mornas, e apresentava ao público as novas criações do compositor ensinadas em primeira mão pelo próprio. A mãe, por sua vez, desde cedo revelou voz e talento que despertaram a atenção de um dos frades capuchinhos em missão na ilha, que lhe ensinou noções de canto lírico. Mais tarde, chegou a cantar em emissões radiofónicas, e muito naturalmente as mornas de mestre Eugénio fizeram parte do seu reportório.
Com esses antecedentes, nada mais natural que a jovem cantora se inclinasse para a tradição da morna bravense no seu disco de estréia, gravado em Lisboa com músicos como Paulino Vieira, Toi Vieira, Péricles Duarte e Tito Paris, entre outros. Editado pela Polygram, este trabalho faz de Gardénia uma pioneira no que se refere a trabalhar com grandes editoras, pois a maioria dos registos discográficos de música cabo-verdiana - até hoje, mas ainda mais nos anos 70 e 80 - são edições de autor ou de editoras sem dimensão internacional.
Dado o pontapé de saída, a música de Gardénia irá desdobrar-se em novas perspectivas. Na sucessão de trabalhos que gravou até hoje, a tradição cabo-verdiana aparece como herança determinante na sua formação como artista. Porém, irá mesclar-se com elementos da sua experiência pessoal e musical - a infância em Lisboa, a adolescência em Boston, onde estreia-se como vocalista do grupo Tropical Power, formado por cabo-verdianos residentes nos EUA - que, naturalmente, teriam de deixar as suas marcas.
Estudar para ser uma artista completa
Primeiro foi cantar. Depois, compor. Só no seu mais recente trabalho, Bo Kin Cre, de 1998, Gardénia passou para o clube dos compositores e essa aposta surge depois de ter frequentado durante cinco anos o Berkley College of Music of Boston. "A escola musical tornou-me completa como artista" afirma. "Agora sim, vou continuar a desenvolver o meu estilo muito próprio, usando as influências musicais dos países por onde vivi e vivo, mas respeitando sempre a base da tradição musical cabo-verdiana".
"Concluir um curso universitário na área musical continua a ser raro entre as mulheres. Foi algo que me educou de forma a poder lidar com qualquer músico do mundo. Não me importei em interroper a minha carreira para me instruir", diz a artista. Optando pelas áreas de voz e espectáculo, Gardénia não deixou de lado os aspectos ligados ao business. Decidida a pôr em prática os conhecimentos adquiridos, cria, em 1998, a sua própria empresa, a Independent Talent Productions. "Hoje consigo fazer a minha própria produção e distribuição", revela.
Gardénia tem inspirado poetas e compositores, como Manuel de Novas, João Amaro, Teófilo Chantre, entre outros. O poeta Jomar no poema "Louvor a Gardénia" escreve: "A cantar mornas és génia, mensageira de todos nós, tu és bela com toda a vénia e enfeitiças com a tua voz". Ao longo sua carreira, além de frequentes convites nos Estados Unidos, onde reside, tem percorrido inúmeros países, encantando plateias com os seus espectáculos. Canadá, Barbados, Hawai, França, Holanda, Espanha - além, naturalmente, de Portugal e Cabo Verde - são algumas das terras por onde já passou.
Em 1999, uma série de apresentações em Portugal serviu para divulgar o álbum mais recente. Cada apresentação foi um momento único de encontro com os sons de Cabo Verde na voz ímpar de Gardénia, acompanhada por excelentes músicos, entre os quais Toy Vieira, John Mota, Moisés, Kikas e Zé Mário. Tito Paris foi uma presença constante e atenta, sendo ele fã incondicional e amigo da artista, tendo já demonstrado vontade em vir a colaborar com Gardénia, uma vez mais, num futuro próximo.
Em diferentes ocasiões, tem sido acompanhada por nomes representativos de diferentes áreas da música cabo-verdiana, que vão de Luís Morais e Chico Serra a Djoy Delgado, passando por Danny Carvalho e Manuel d'Candinho, os três últimos presentes em Bo Kin Cre, em que batuque, funaná, morna e coladeira não impedem um toque de samba e salsa.
O disco traz uma faixa interactiva que pode ser vista no computador - aspecto que uma vez mais faz de Gardénia uma pioneira na música cabo-verdiana - e que apresenta fotografias, dados biográficos e discografia, karaoke e ainda um vídeo, produzido pela própria Gardénia, com a interpretação de Melodias de Saudade, composição sua cuja letra evoca justamente as mornas com que foi embalada em criança, e que a acompanham desde então. Mornas que, na sua voz límpida, têm assegurada a sua eternidade, geração após geração, como vem sendo até agora.
DISCOGRAFIA
Gardenia Benrós, Polygram Records, EUA, 1986 (LP)
When Love is Gone/I Need You, Polygram Records, EUA,1987 (single)
Raizinho di Sol, Ed. Autor, EUA, 1988 (single)
O Melhor de Cabo Verde Mix, MB Records, EUA, 1989 (LP)
É Sim, MB Records, EUA, 1990 (LP)
O Melhor de Cabo Verde Mix II, MB Records, EUA, 1994 (CD)
Kryola D' Encantar, PolyGram Records, EUA,1995 (CD)
Simplesmente Caboverdiana, Indep.Talent Productions, EUA, 1997(single)
Bo Kin Cre, Independent Talent Productions, EUA, 1999 (CD)
Best Of,... i também ela tem 3 faixas gravadas kom o grupo Tropical Power no LP "Tropical Power Em Acção"