Eunice Vieira

Biografia Eunice Vieira

Eunice Vieira was born on the 20th of february 1980 in Rotterdam,
The Netherlands. Her parents were born in São Nicolau, one of the 10
islands of Cabo Verde.

She always sang as a little girl, but her professional career
started when she was 17. In 1997 she recorded her first backing
vocals for the group Cabo-X. After that everything went fast.

She sang her first solo song on "Glamour", Kino Cabral's production.
Her first album, called "Traicao", came out in 1999. She
participated on many albums, working with the biggest names in
Capeverdian music, like Beto Dias, Splash!, Kino Cabral, Quatro+ and
Suzanna Lubrano. She also found her way into the reggae scene with the
group Delidel Touch, where she does the backing vocals.

Her second album, "Mulher", came out in 2003. With performances in
The Netherlands, Luxemburg, France, Portugal, Italy, Switserland,
London, Angola, South- Africa, the U.S.A and the Capeverdian Islands
she has become a well known artist all over the world.

At the moment she's working on her third album, which is going to be
a revelation of her Capeverdian and Reggae roots.
Along with some of today's best producers she
is working her way into the world of 'Roots,Rock & Reggae', planning on satisfying her exsisting
fanbase and those who are yet to come.
contact: (00238) 9883723/ [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

Texto / Entrevista in A Nação by Gisela Coelho


Madura, determinada,
lutadora e consciente do papel que pode ocupar na promoção e
desenvolvimento da música e cultura cabo-verdiana – assim é Eunice
Vieira. Nasceu na Holanda, mas tem as suas raízes crioulas em solo de
São Nicolau, de onde são naturais os seus pais.


Desde criança que possui um dom nato para a música e
chegou a gravar dois discos na Holanda. Agora, de regresso às origens, a
sua missão no arquipélago passa pela formação de uma banda feminina
cabo-verdiana, entre as fusões da worldmusic e os ritmos da música
crioula.
Há dois anos, Eunice Vieira decidiu
trocar a vida agitada da Europa, na Holanda, pela tranquilidade e paz do
arquipélago. Uma espécie de regresso às origens que acabou por se
transformar numa mudança profunda na sua vida. “Cabo Verde permite-me
ser mais criativa. Aqui sinto-me mais livre e menos oprimida, como
acontecia na Holanda”, conta a cantora de “Traição”, o seu primeiro
álbum de zouk gravado em 1999, quando ainda tinha apenas 19 anos.

Desde
criança que Eunice Vieira demonstrava ser detentora de um talento nato
para a música. Diz o ditado que filho de peixe sabe nadar e a verdade é
que, apesar do pai de Eunice, Carlos Vieira, não ter seguido uma
carreira na música, chegou a gravar um disco chamado “Gabriela”.

“O
meu pai também cantava e, juntamente com Norberto Tavares e outros
músicos, chegou a gravar um disco em homenagem a oito cabo-verdianos que
morreram no mar do Canadá a bordo do navio “Gabriela”, relembra Eunice.


Da infância para a adolescência foi crescendo a vontade de
cantar e dar voz à alma. Começou nos festivais da escola mas o grande
salto para uma carreira mais profissional aconteceu aos 17 anos, quando
gravou coros para o famoso grupo da Holanda Cabo-X.

E assim foi
evoluindo na música, ao lado de artistas bem conhecidos como Beto Dias,
Susana Lubrano e Kino Cabral, com quem trabalhou fazendo coros,
sobretudo em estúdio. Em 2003, dava corpo e voz ao seu segundo álbum
“Mulher”, que marcou uma fase da carreira da cantora que ficou fincada à
Holanda e à experiência zouk. Agora, o destino é outro e a voz
interior da cantora, é uma voz de mudança.



Novo disco à espera de patrocínio
Detentora
de um timbre sui generis e intenso a lembrar blues, jazz ou soul, bem
adaptado a diferentes estilos musicais, Eunice chegou também a fazer
coros para o grupo reggae “Delidel Touch”, mostrando uma polivalência
que a colocam hoje no cenário da worldmusic.

A cantora que se
interessa e admira a música de Tcheka e Mário Lúcio tem já um novo álbum
preparado para entrar em estúdio, voltado para as fusões musicais como o
lounge, jazz e hip-hop, numa espécie de sons do mundo, mas sempre com
as raízes da música crioula como base.

Este álbum de originais
de Eunice, que em princípio vai contar com colaborações de nomes
consagrados como Boy Gê Mendes e Sara Tavares, traz segundo a cantora
temas que abordam a mudança, a vida, o amor e o regresso às origens, à
condição do emigrante cabo-verdiano e à unidade africana.
Mas
não tem sido fácil conseguir apoio para materializar este sonho
musical. Eunice mostra-se um pouco desiludida com a falta de apoio e
respeito pelo trabalho de artistas menos conhecidos em Cabo Verde.

“Infelizmente
hoje em dia falta um pouco de respeito e generosidade às empresas que
geralmente apoiam estes projectos. Das 37 cartas que enviei a pedir
patrocínio, apenas cinco se dignaram a responder. É que, em Cabo Verde,
só dão patrocínio a quem já não precisa, a quem já encontrou o seu
espaço. Só depois de nos darem valor lá fora é que nos dão valor em Cabo
Verde”, desabafa a artista, que tem batalhado para conseguir patrocínio
para o seu novo disco



Projecto de banda feminina a caminho
Para
além do seu projecto pessoal a solo, Eunice está empenhada em dinamizar
um projecto social muito mais amplo. “Sempre tive o sonho de criar uma
banda exclusivamente feminina, porque apesar da evolução, e com grandes
nomes femininos a solo, em Cabo Verde ainda se vê muito a música como um
mundo de homens”, explica Eunice.
A cantora
lançou um concurso na RCV+ (Rádio de Kabo Verde)p ara captação de novos talentos femininos
para a música e a campanha revelou-se um sucesso. “Não estava à espera
de tantas inscrições. Tivemos 98 inscritas, mas apenas 42 apareceram ao
casting”, revela Eunice, que já seleccionou quatro das candidatas.

O
objectivo é formar uma baixista, guitarrista, teclas e uma
baterista/percussionista e segundo Eunice, as candidatas foram
seleccionadas pela motivação, interesse e estilos de música em comum.

No
entanto, agora faltam os patrocínios para as aulas de música que vão
permitir a formação da banda. Trata-se de um projecto pioneiro que
transpõe as barreiras da música e adquire um papel social renovador para
a mulher cabo-verdiana.

Para Eunice a adesão das mulheres
crioulas demonstra que a mentalidade da mulher cabo-verdiana está a
mudar, uma vez que estão mais seguras e determinadas, e têm menos
complexos em ousar seguir um projecto destes.